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quinta-feira, 11 de abril de 2013

Artigo de Reflexão: "Utilização de um jogador após lesão"

Futebol - Opinião

Tema: "
Utilização de um jogador após lesão"

Artigo publicado in Jornal Público 02 Abril 2013

Autor: José Carlos Pereira


Utilização de um jogador após lesão

À margem da dupla jornada para o apuramento da seleção nacional portuguesa para o Mundial 2014 no Brasil, surgiu mais uma polémica. O retorno à atividade de João Moutinho, peça imprescindível na dinâmica funcional da nossa seleção, originou um “bate boca” entre o selecionador nacional Paulo Bento e Pinto da Costa, o presidente do FC Porto.


Independentemente do que foi e como foi dito, uma coisa é certa, concordo com o que afirmou José Luís Arnaut, o presidente da Assembleia Geral da Federação Portuguesa de Futebol: “Tem de existir muita serenidade e o importante são aqueles que estão em campo, que marcam golos e que dão vitórias. Tudo o resto são fait-divers que ajudam a alimentar polémicas e a vender papel”. De facto, os jogadores são a peça mais importante desta engrenagem e esta polémica fez-me refletir acerca da responsabilidade do treinador na utilização de um futebolista após lesão.

Este é um assunto que envolve um grau de complexidade elevado, pois cada caso deverá ser equacionado de forma particular. A capacidade de comunicação entre os intervenientes e a proximidade do treinador ao jogador e departamento médico assumem aqui um papel relevante. O treinador, como figura central na gestão e rentabilização dos seus jogadores, deve ter em conta algumas premissas e fatores (tipo de lesão; tempo de inatividade; tipologia e características do jogo e do adversário em causa; grau de responsabilidade e previsão do nível de intensidade do jogo; a influência do jogador na dinâmica funcional da equipa; etc.) antes de decidir a utilização de um ativo. Usando a sua sensibilidade e bom senso, o técnico deve avaliar os riscos, os prós e os contras de uma eventual utilização, mas deverá ser suportado por uma colaboração estreita da estrutura, o que se revela fulcral no auxílio ao seu trabalho.

Uma equipa de futebol, como organização de elevado rendimento, deve ser bem estruturada, dotar-se de profissionais de elevada qualidade nas diferentes áreas de intervenção e nada pode faltar no acompanhamento do processo de tratamento e recuperação de lesionados. A importância de um departamento médico bem equipado, próximo, comprometido e com uma intervenção adequada, não apenas no tratamento das lesões, mas sobretudo na readaptação dos jogadores à competição, porque existe uma grande distância entre estar recuperado clinicamente e estar pronto a competir, faz a diferença.

A tomada de decisão da utilização de um jogador é um processo que, em última análise, diz respeito ao treinador, mas que deve merecer uma importante participação e envolvência do departamento médico e um papel ativo do jogador. Antes de mais, estes seres que os treinadores têm à sua disposição nos seus plantéis são “máquinas” muito sensíveis e há riscos elevados ao colocar em jogo um futebolista prematuramente.

Para um jogador nada é mais doloroso que a inatividade por lesão, e uma recidiva revela-se extremamente penalizadora, não só porque implica consequências no estado de espírito e no aumento do tempo de inatividade do jogador em causa, mas também porque cria um ambiente negativo de insegurança dentro de um plantel. Por outro lado, e como explicam Woods et al (2002), as ausências por lesões provocam uma perda económica muito importante.

* Artigo publicado respeitando a norma ortográfica escolhida pelo autor